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Inflação ainda é pressionada pelos alimentos
IPCA-15 desacelera, mas índice da FGV registra nova alta
Os preços dos alimentos pressionaram dois índices de inflação divulgados ontem. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,60% em março, após alta maior, de 0,97%, em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrou alta de 0,69% na terceira prévia de março, 0,05 ponto percentual acima da anterior, de 0,64%, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
No IPC-S, o grupo alimentação foi a principal influência sobre o indicador, saindo de uma inflação de 0,67% para 0,86%, refletindo especialmente os preços de hortaliças e legumes (de 5,51% para 6,65%) e carnes bovinas (de -2,80% para -2,33%). No IPCA-15, os preços do grupo alimentação e bebidas desaceleram, mas ainda apresentaram alta, passando de 0,57%, em fevereiro, para 0,46%, em março.
- Os dois índices captaram o aumento de preços da alimentação. E a tendência é que continuem subindo e afetem as próximas leituras da inflação. O arrefecimento verificado em fevereiro, em relação a janeiro, ficou para trás. Espero um IPCA para março de 0,70% - afirmou o economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio.
A desaceleração registrada pelo IPCA-15 - uma prévia do índice de inflação oficial, o IPCA - é explicada pelo recuo nos preços do grupo educação, que subiram 1,03% em março, contra 5,88% em fevereiro.
- As metodologias do IPCA-15 e do IPC-S são diferentes. O índice do IBGE captou a alta no setor de educação em fevereiro, por isso, houve forte desaceleração em março. Já o índice da FGV captou preços do setor em janeiro. Nesse caso, o aumento de preços é passado longínquo, não tem muito impacto nessa leitura - explicou Cunha.
Alta nos preços das passagens aéreas tem forte impacto
Segundo o economista, o aumento nas passagens aéreas foi um dos fatores que mais contribuíram para a inflação registrada pelo IPCA-15 este mês.
- As passagens subiram muito. No mês passado, houve queda de 11,45%, e, agora, alta de 29,16%. É um item volátil, com uma participação relativamente pequena, mas que teve forte impacto este mês - disse.
No IPCA-15, os custos do grupo transportes aceleraram de 1,04% para 1,11%. Contribuíram para o arrefecimento do índice os grupos saúde e cuidados pessoais (de 0,52% para 0,35%) e vestuário (de 0,13% para - 0,37%). No IPC-S, houve aceleração na inflação dos grupos vestuário (de 0,59% para 0,89%), educação, leitura e recreação (de 0,15% para 0,25%), saúde e cuidados pessoais (de 0,62% para 0,64%) e transportes (de 1,17% para 1,18%). Já despesas diversas e habitação registraram queda de 0,74% para 0,40% e de 0,52% para 0,47%, respectivamente.