Rua Doutor Borman, 23 - salas 307 e 309, Centro - Niterói/RJ
  • (21) 3905-0003
  • (21) 99808-9980

Mais do que prestação de serviços...

Uma parceria!

Queda dos juros impulsiona fundos de ações de consumo

O índice que acompanha os papéis das companhias do setor, o Icon, registrou no mesmo período alta de 11,9%

Autor: Silvia RosaFonte: Valor Econômico

Enquanto o Índice Bovespa acumulou queda de 3,99% no ano até o fim de maio, as ações do setor de consumo vêm se mostrando mais resistentes, beneficiadas pela queda da taxa básica de juros e pelas medidas de estímulo à economia anunciadas recentemente pelo governo. O índice que acompanha os papéis das companhias do setor, o Icon, registrou no mesmo período alta de 11,9%, impulsionando o retorno das carteiras que investem nesses papéis.

"Boa parte da alta do índice é explicada por empresas que têm maior previsibilidade dos resultados, como Ambev, Natura e Souza Cruz ", afirma Alexandre Silvério, sócio responsável pela gestão de renda variável da Quest Investimentos.

Apostando no potencial de retorno desse setor, a Caixa lançou no fim de abril o fundo Caixa FI Ações Consumo, que tem como referência o Icon, com aplicação mínima de R$ 10. "Ainda vemos um prêmio nesses papéis, principalmente dos setores de alimentos e bebidas", afirma Marcelo de Jesus, superintendente de gestão de recursos de terceiros da Caixa.

Diante do cenário de incerteza em relação à economia global, alguns gestores têm preferido papéis de empresas voltadas para bens de consumo básico. "Preferimos ações de setores mais resilientes, com receitas menos voláteis", diz Gilberto Nagai, superintendente de renda variável da Itaú Unibanco Asset Management. O fundo Itaú Ações Consumo acumulava rentabilidade de 8,98% no ano, até 31 de maio.

A Quest também tem buscado ativos de empresas menos dependentes do crédito. "Gostamos de ações como Pão de Açúcar e Lojas Americanas, e de papéis que achamos que estão com o preço descontado, como os da M. Dias Branco, do setor de alimentos", diz Silvério, da Quest.

Com o aumento da aversão a risco por parte dos investidores estrangeiros, as ações de empresas de commodities e do setor financeiro, por serem mais líquidas e estarem em setores mais vulneráveis à economia externa, foram as mais afetadas. Em maio, o Ibovespa fechou em queda de 11,9%, enquanto o índice de empresas de consumo caiu 7,8%.

Para o superintendente do Itaú Unibanco, as medidas adotadas pelo governo ainda não surtiram efeito na economia real, mas podem ter impacto positivo para setores como o de bens duráveis. Nesse cenário, a ação da Unicasa, dona das redes de móveis planejados Dell Anno e Favorita, tem despertado o interesse de fundos que seguem estratégia fundamentalista. A Dynamo comunicou ter alcançado uma participação de 5,41% das ações emitidas pela empresa. O papel, que saiu abaixo do preço estimado pelos coordenadores da oferta inicial (IPO, na sigla em inglês) em abril, a R$ 14, estava sendo negociado a R$ 16.

A Caixa também aumentou a exposição a papéis de empresas ligadas à venda de produtos da linha branca e moveleiro como Magazine Luiza e Lojas Americanas. "Devemos ver um impacto positivo das medidas do governo nessas empresas durante o segundo semestre", afirma Marcelo de Jesus.

Apesar dos resultados mais fracos das empresas do setor de consumo no primeiro trimestre, espera-se uma recuperação nas vendas a partir do segundo trimestre. "A queda da taxa de juros deve ter impacto positivo para as operações das varejistas", afirma Natália Kerks, diretora de renda variável da HSBC Global Asset Management.

A gestora do HSBC vê mais oportunidades nos setores de calçados e vestuário. "Gostamos de empresas que trabalham com franquias, que precisam de menos investimentos para abrir novas lojas e, por isso, têm um retorno mais interessante", afirma Natália.

Nagai, da gestora do Itaú, alerta, no entanto, que os múltiplos de empresas de consumo estão mais altos do que a média da bolsa. Esses papéis mostravam uma relação preço/lucro (P/L, indicador que mede o tempo de retorno para o investidor reaver seus investimentos) de 16 a 17 vezes, ante uma média de dez vezes do Ibovespa.

O gestor da Quest concorda com essa visão. "Empresas como Souza Cruz e Ambev estão com preços muito altos e não vemos grande potencial de alta", acrescenta Silvério.